Começando pelo começo

No post anterior, eu falei sobre como irei começar a me importar de verdade com o lado fitness da minha vida. Acho interessante então, primeiramente, fazer uma análise do meu estado atual, e como eu cheguei aqui. Tal qual você quando bateu o carro e levou no mecânico, antes de se começar a trabalhar nos reparos, é bom analisar a extensão dos danos. E tal qual o seu mecânico, o resultado dessa análise é:

“Vixe doutô, foi feio o negóss, hein? Issaê é perda total quase. Má vâmo vê o que dá pra fazê.”

Sem mais delongas, comecemos.

Meu Estado Atual

Em português não tem uma palavra que descreva muito bem, mas em inglês existe um termo que me descreve perfeitamente: skinny fat.

Caso você não saiba o que significa o termo, podemos pedir ajuda a um dos sites mais confiáveis de toda a World Wide Interwebs, o urbandictionary.com.

Segundo o Urban Dictionary, skinny fat seria:

When someone is thin and looks great in clothes, but is all flabby underneath.

A segunda definição é um pouco mais científica:

A person who is not overweight and have skinny look but still have a high fat percentage and low muscular mass. Usually those people have a low caloric diet, that’s why they are skinny, but are not involved in any sports activities or trainings and that’s why they don’t have any muscle. Since between the bone and the skin those people only have fat, the skin can be deformed easily because the skin layer is located on an unstable matter (fat).

Isso é exatamente o meu caso. Ao ler essa descrição, fico surpreso que não exista uma foto minha anexada à página.

Um adendo que pode ser feito, no meu caso, é que seja lá por qual motivo, meu corpo armazena aparentemente 95% da gordura na região do abdômen, fenômeno conhecido na comunidade científica como pancinha de chopp – o que é triste, visto que eu nem beber bebo.

O que isso significa é que, se você é uma das sortudas pessoas que nunca me viu sem camisa, você provavelmente me descreveria apenas como “magro”. Inclusive, já tive algumas pessoas acharem que era simplesmente nóia da minha cabeça quando eu dizia que eu realmente não sou magro.

Aliás – se você é uma das pessoas sortudas, sinto lhe informar que sua sorte termina agora:

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Sexy.

Isso não poderia estar mais longe da verdade, porém. Eu nunca tive problemas com minha imagem – na verdade, eu fico mais a vontade sem camisa que alguns amigos meus que são relativamente mais fit*. Quando eu digo que não sou realmente magro, não é por falta de autoconfiança, é apenas uma descrição objetiva da minha composição física.

*(Sim, eu sei que soa muito babaca ficar jogando termos em inglês assim aleatoriamente, mas 99% do que eu leio sobre o assunto é em inglês, então o vocabulário me soa mais natural que as traduções. Em muitos casos, eu realmente não sei como seria o termo lusófono para certas coisas. Por mais escroto que soe, vai ser algo que nessa série de posts eu terei que fazer várias vezes. Foi mal.)

Como Cheguei Aqui

A definição de skinny fat indicava duas coisas como causas: baixo nível de atividade física, e dieta pouco calórica. Comecemos pelas atividades físicas.

Minha vida inteira, eu nunca fui chegado à esportes. Aliás, minto: eu até gosto de jogar vôlei ou basquete de vez em quando, mas futebol é algo que eu nunca me interessei. O que no nosso Brasil Varonil é, na prática, quase equivalente àquela primeira frase.

Aliás, uma pequena nota aqui: eu não gosto de nenhuma forma de futebol – o futebol tradicional, futebol de salão, futebol americano, mesmo futebol de videogame, a única coisa que eu achava interessante em PES eram as versões pirateadas, os clássicos PES BOMBA PATCH 2007 com jogadores atualizados, e a trilha sonora composta inteiramente por funks proibidões do momento. Literalmente nenhuma variação do esporte me é interessante… com uma exceção. Totó, ou caso você seja um herege adorador de Satã, Pebolim. Eu sou – perdoe meu francês –  FODA nisso. Inclusive, recentemente, ganhei o campeonato na faculdade:

Mas divago.

Entre outros esportes que eu já tive algum interesse, temos tênis e corrida. Esses últimos dois foram os únicos em que eu realmente me dediquei de verdade por um tempo, mas nenhum dos dois por tempo o suficiente pra surtir algum efeito pronunciado.

Quanto à dieta, esse é um ponto interessante. Minha alimentação nunca foi, nem de perto, boa. Muitíssimo pelo contrário. Desde pequeno, eu sou muito chato pra comer. Verduras e legumes eram os arqui-inimigos do meu eu mais novo, e sinceramente até hoje eu não sou exatamente fã dos mesmos. Não tenho nenhum orgulho disso, aliás. Até me envergonho quando como na rua, a tarefa de ficar catando os pedacinhos que você não gosta e os juntando numa pilha no canto do prato é algo que faz eu me sentir muito infantil. Apesar de eu ter melhorado muito quanto a isso, ainda existem algumas coisas que simplesmente não me descem.

Por outro lado, quando se fala de doces… Eles sempre foram uma grande parte da minha alimentação. Se é que dá pra chamar Trakinas de “alimentação”. Doces, bolos, biscoitos, refrigerante – eu sempre me entupi de todos esses, e qualquer um desses itens na minha casa costumava não durar muito.

Mas porra, peraí? Se eu só comia besteira, e não fazia atividade física nenhuma, eu deveria à essa altura estar, no melhor dos casos, quase obeso. Como isso não aconteceu? Depois de uma pequena reflexão, me surgiu a resposta.

Meu apetite é bem baixo.

Eu como bem pouco, desde que me dou por gente. Em almoços de família, era certo que ao menos uma tia iria comentar sobre como eu tinha botado pouca comida no prato. Em retrospecto, mesmo com doces, apesar de eles fazerem proporcionalmente uma grande parte da minha dieta, objetivamente a quantidade de calorias total era pouca. Se entupir de doces não é tão mal se você “se entope” rápido.

Aliás, pelo contrário: imagino que, caso eu não tivesse esse amor pelo açúcar, provavelmente hoje eu estaria magro demais, muito abaixo do peso mínimo ideal pra minha altura. Essas pequenas bombas calóricas eram o que permitiam que eu adquirisse energia o suficiente pro meu corpo não se auto digerir buscando combustível. Pensando bem, talvez seja justamente por isso que eu gosto tanto dessas guloseimas em geral: eu condicionei meu corpo a entender elas como a única coisa que realmente o mantém funcionando.

FUCK.

Isso provavelmente vai tornar as coisas um pouquinho mais complicadas pra mim. Merda.